Convento de Santa Clara (Vila do Conde)

Convento de Santa Clara (Vila do Conde)
Vila do Conde . Porto . Portugal
 
O convento foi mandado edificar por D. Afonso Sanches (filho bastardo de D. Dinis), e de sua esposa, D. Teresa Martins.

Do património edificado ao longo dos séculos, restam a bela igreja gótica, a imponente área residencial (noutros tempos chamada «dormitórios novos»), que é setecentista, os arcos do antigo claustro com o seu chafariz e o extenso aqueduto, em parte destruído.

Na igreja encontram-se alguns importantes túmulos: o de D. Beatriz, filha do Beato Nuno Álvares Pereira, o dos Condes de Cantanhede e os dos Fundadores.

Como qualquer outra instituição, este convento teve momentos de esplendor e momentos de menos brilho. Um dos momentos mais notáveis, deveu-o à abadessa D. Isabel de Castro (1518-1543). A reedificação de 1777 em gosto neopalladino é do mestre pedreiro Henrique Ventura Lobo, que trabalhou na Cadeia da Relação do Porto.

A Lenda da Abadessa Berengária e a Lenda da Menina do Merendeiro - originárias do convento - testemunham, da parte das monjas da casa, anseios duma vivência cristã muito depurada.

Após o decreto liberal de extinção das ordens religiosas, a vida no convento foi-se apagando lentamente, até chegar ao seu termo, em 1892, com a morte da última freira. Em 1902 o antigo convento recebeu a Casa de Detenção e Correcção do Porto, depois Reformatório de Vila do Conde e Escola Profissional de Santa Clara, sendo hoje conhecido como Centro Educativo de Santa Clara, estabelecimento de tutela de menores que ainda se encontra em funcionamento.

Em Setembro de 2008 foi assinado o contrato entre o Turismo de Portugal e o Grupo Pestana com vista à sua transformação em Pousada de Portugal.

A Lenda da Berengária

Conta-se que a certa altura da história do Convento de Santa Clara de Vila do Conde havia bastante relaxamento na vida religiosa das monjas. Orgulhosas, recusavam os trabalhos, davam-se a falatórios inconvenientes e eram pouco zelosas em acorrer à reza das horas canónicas.

Mas havia uma excepção, a irmã Berengária. Humilde, cumpridora, imitava os melhores exemplos das passadas Clarissas, não se furtando às tarefas mais humildes, que executava com alegria e sentido fraterno.

Aconteceu entretanto que a abadessa morreu e foi preciso eleger a sucessora. Havia muitas interessadas no cargo, que dava autoridade e visibilidade social. Quem não pensava nisso era sem dúvida a solícita Berengária.

Na hora da eleição, cada uma das eleitoras, para que as amigas não acedessem ao abadessado, votou do modo que menos pudesse prestar – na Brengária – pensando assim protelar a decisão, ao entregar o voto a uma incapaz.

Mas, quando a irmã Berengária verificou que tinha sido eleita segundo todas as regras, decidiu aceitar o lugar. Não o tinha pedido, mas não o recusava.

As outras monjas mofavam e recusavam-se a obedecer-lhe: que a votação não fora a sério.

Perante a rebeldia manifestada, a nova abadessa foi firme e ousada: mandou que as suas antecessoras, que ali jaziam sepultadas, viessem prestar-lhe a homenagem de obediência que as freiras vivas recusavam.

Eis então que as antigas abadessas se erguem das sepulturas e ali se mostram em atitude respeitosa.

O resultado não podia ser outro: as monjas arrependem-se da sua soberba e acatam a autoridade da nova abadessa.

A Abadessa Berengária é uma figura histórica. Esteve à frente do convento de 1384 a 1406. O milagre que lhe é atribuído, esse é lendário, naturalmente. A narrativa, se bem se repara, é edificante, ao valorizar virtudes indispensáveis à vida em comunidade, como a dedicação ao trabalho, a oração e sobretudo a obediência.

Em 1625, Fr. Luís dos Anjos já recolheu esta lenda no seu Jardim de Portugal, remetendo até para uma versão anterior em latim. No Convento de Santa Clara ela é evocada numa tábua, por escrito, e numa tela, ambas da segunda parte de Seiscentos.

O escritor Joaquim Pacheco Neves, em 1980, dramatizou-a, intitulando a peça produzida de A Lenda da Berengária.







O Convento de Santa Clara da cidade de Vila do Conde, em Portugal, foi um convento feminino instituído em 1318 e extinto no século XIX. Da antiga instituição religiosa restam a magnífica igreja em estilo gótico e parte do edifício conventual, reedificada parcialmente no século XVIII.
Partilhado por: Cristina Novais Ainda Sem comentários
Visualizações: 7460
Partilhe os locais de interesse a serem visitados, locais que visitou nas suas férias, ou locais na sua terra que pretenda promover.
 
Coordenadas GPS
Lat : 41.35270000000001   -   Lon : -8.739742084655761
N41° 21' 9.720000000036 "       W8° 44' 23.07150476074"
 
 
 
Comentários
Ainda não tem comentários para
Convento de Santa Clara (Vila do Conde)
Se conhece Convento de Santa Clara (Vila do Conde) Deixe o seu comentario

  OBRIGADO