O edifício do antigo teatro da vila de Cabeção é um dos poucos exemplares existentes, em Portugal, de edifícios culturais da corrente artística Arte Nova, muito em voga no início do século. Com uma forte carga decorativa tanto exterior como interiormente, este imóvel teve já as funções de cinema e centro cultural; actualmente, no entanto, encontra-se encerrado e sem perspectivas futuras a não ser a de uma progressiva degradação, causada pelo abandono a que está votado. É importante frisar que exemplares desta qualidade e características, no nosso país, só existem dois: um está nos Açores o outro é aquele que acabámos de referir.

Edifício datado de inícios de século, o antigo Teatro de Cabeção constitui um dos raros exemplares do estilo de Arte Nova, no nosso país. Apesar das inúmeras funções a que tem sido sujeito através dos tempos (teatro, cinema, centro cultural) e que foram acompanhadas das necessárias adaptações; o edifício permanece com as características primitivas. De dois pisos, o teatro é , no seu interior, uma verdadeira relíquia pois conserva o palco, as bancadas originais e toda a carga decorativa próprias do movimento artístico que lhe está subjacente. A fachada está muito bem conservada mantendo as linhas sinuosas (janelas, frontão) características deste tipo de edifício, bem como a forte carga decorativa de motivos de inspiração naturalista, notória na representação de jorros de água correndo, em volta das janelas.

Vila de Cabeção.

O antigo teatro da vila de Cabeção está inserido num movimento artístico denominado Arte Nova, onde os princípios decorativos exercem grande influência na arquitectura e nas artes aplicadas (o que é visível, não só no interior como no exterior do edifício) particularmente entre 1890 e 1910. A sua designação (Arte Nova) deriva do nome de uma galeria de decoração de interiores inaugurada em Paris no final do século XIX: Maison de l’Art Noveau. Nos motivos decorativos, o uso de linhas sinuosas de inspiração vegetalista (folhagem e flores estilizadas) ou naturalista (ondas, repuxos de água, labaredas, por exemplo) são característicos.

Fonte: www.cm-mora.pt