Túmulos de D. Pedro I e de Inês de Castro ( Mosteiro de Alcobaça)

Túmulos de D. Pedro I e de Inês de Castro ( Mosteiro de Alcobaça)
Alcobaça . Leiria . Portugal
 
Contexto histórico de construção dos túmulos:

Em 1340, D. Pedro I casa-se com a princesa castelhana D. Constança Manuel. Uma das aias que acompanhava D. Constança era Inês de Castro, por quem D. Pedro se apaixonou. Em 1348-1349, D. Constança morre e então D. Pedro assume mais abertamente o relacionamento com Inês de Castro em terras de Coimbra.

O rei D. Afonso IV (pai de D. Pedro), temia o poderio da família de Inês de Castro e da sua influência na sucessão do infante D. Fernando, filho primogénito e herdeiro de D. Pedro. No dia 7 de Janeiro de 1355, Inês de Castro, encontrando-se nos Paços de Santa Clara em Coimbra (embora a lenda diga que ela estava à beira da Fonte dos Amores, na Quinta das Lágrimas), foi assassinada por Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco, sendo sepultada em Coimbra.

D. Pedro sobe ao trono em 1357 e uma das suas primeiras medidas foi mandar construir um túmulo majestoso para Inês de Castro. Em 1360, acabado o túmulo, D. Pedro ordenou que o colocassem no transepto sul do Mosteiro de Alcobaça e em seguida que trasladassem para lá o corpo de D. Inês. D. Pedro I mandou construir um túmulo semelhante para si próprio, sendo colocado lado a lado (do lado esquerdo) do de D. Inês. O rei morre em 1367 indo repousar, nessa altura, ao lado da sua amada.

Descrição dos túmulos

Os túmulos são de estilo gótico e feitos em calcário da região de Coimbra.

A localização primitiva dos túmulos era lado a lado (estando o de D. Inês do lado direito de D. Pedro, o que deveria acontecer entre marido e mulher) no transepto sul da Igreja do Mosteiro de Alcobaça. Daqui passaram para a Sala dos Túmulos. No século XX voltaram a ser colocados no transepto da Igreja, onde se encontram actualmente: frente a frente, estando o túmulo de D. Inês no braço norte do transepto e o túmulo de D. Pedro I no braço sul, de tal modo a que quando ressuscitarem se levantem e vejam um ao outro.

Nos jacentes ambas as figuras estão coroadas, de expressão tranquila e rodeadas por seis anjos que lhes ajeitam as roupagens e lhes levantam a cabeça (como que a elevá-los para o Céu). As faces dos sarcófagos estão decorados com temática heráldica (representações de brasões das respectivas famílias), bíblica, vegetalista e geométrica. Em termos escultóricos, o túmulo de D. Pedro I é considerado uma melhor obra, chegando os altos-relevos a atingir 15 cm de profundidade, enquanto no túmulo de D. Inês atingem os 10 cm.

Túmulo de D. Inês de Castro:

Inês de Castro está representada com a expressão tranquila, rodeada por anjos e coroada de rainha. A mão direita toca na ponta do colar que lhe cai do peito e a mão esquerda, enluvada, segura a outra luva.

Os temas representados no túmulo são: nos frontais, a Infância de Cristo e a Paixão de Cristo e, nos faciais, o Calvário e o Juízo Final.

Neste túmulo salienta-se um dos faciais, que representa o Juízo Final. Pensa-se que D. Pedro, com a representação desta cena dramática da religião cristã, quis mostrar a todos (inclusive a seu pai e aos assassinos) que ele e Inês tinham um lugar no Paraíso e que quem os fizera sofrer tanto podia ter a certeza que iria entrar pela bocarra de Levitão representada no canto inferior direito do facial. Podemos observar também a figura de Cristo entronizado, e a Virgem e os Apóstolos que à sua direita rezam. Em baixo estão representados os mortos que se levantam das suas sepulturas para serem julgados.

Túmulo de D. Pedro I:

D. Pedro I está representado também com a expressão tranquila, coroado e rodeado por anjos. Segura o punho da espada na mão direita, enquanto com a esquerda agarra a bainha.

Nas faces do túmulos estão representadas: nos frontais, a Infância de S. Bartolomeu e o Martírio de S. Bartolomeu e, nos faciais, a Roda da Vida e a Roda da Fortuna e ainda a Boa Morte de D. Pedro.

Neste túmulo destaca-se o facial da cabeceira onde está representada a Roda da Vida e a Roda da Fortuna. Image: A Roda da Vida possui 12 edículas com os momentos da vida amorosa e trágica de D. Pedro e de D. Inês. Na leitura das edículas (feita no sentido ascendente e da esquerda para a direita), podemos observar:

1 D. Inês acaricia um dos filhos;
2 O casal convive com os três filhos;
3 D. Inês e D. Pedro jogam xadrez;
4 O dois amantes mostram-se em terno convívio;
5 D. Inês subjuga uma figura prostrada no chão;
6 D. Pedro sentado num grandioso trono;
7 D. Inês apanhada de surpresa pelos assassinos enviados pelo rei D. Afonso IV;
8 D. Inês desmascarando um dos seus assassinos;
9 Degolação de D. Inês;
10 D. Inês já morta;
11 Castigo dos assassinos de Inês;
12 D. Pedro I envolto numa mortalha.

Nas edículas interiores – Roda da Fortuna – podemos observar (no mesmo sentido da Roda da Vida):

I D. Inês sentada à esquerda de D. Pedro (por ainda não estarem casados);
II O casal troca de posição (D. Inês sentada à direita de D. Pedro, o que indica que já estão casados);
III D. Pedro e D. Inês sentados lado a lado parecendo um retrato oficial;
IV D. Afonso IV a expulsar (pelo apontar do dedo) Inês do reino;
V D. Inês repele um homem que parece ser de novo D. Afonso IV;
VI D. Pedro e D. Inês prostrados no chão subjugados pela figura híbrida da Fortuna que segura com as mãos a roda.


Problemática da autoria dos túmulos

A autoria dos túmulos continua desconhecida, embora surjam em geral duas propostas: uma atribuindo-os a artistas estrangeiros (nomeadamente franceses), outra sugerindo que resultam da evolução da escultura tumular portuguesa.




Os túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro encontram-se no Mosteiro de Alcobaça.

São duas verdadeiras obras-primas da escultura gótica em Portugal, cuja a construção se situa entre 1358 e 1367 e de autoria desconhecida.
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Coordenadas GPS
Lat : 39.5482091   -   Lon : -8.979606699999977
N39° 32' 53.55276 "       W8° 58' 46.584119999917"
 
 
 
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