Em posição dominante sobre a vila e a ribeira de Aljezur, embora constituindo-se em um dos castelos figurados nas sete quinas do brasão pátrio, é quase desconhecido nos roteiros turísticos portugueses, tratando-se de um dos mais expressivos monumentos algarvios.
Antecedentes
A recente pesquisa arqueológica pela Unidade de Arqueologia do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, em parceria com a Câmara Municipal de Aljezur, revelou que a primitiva ocupação humana deste sítio remonta à pré-história, trazendo à luz camadas com vestígios da Idade do Bronze (c. 3.000 AP), da Idade do Ferro e do período romano (entre os séculos IV e I a.C.).
À época da Invasão muçulmana da Península Ibérica, o curso da ribeira de Aljezur era navegável e esta povoação constituía-se em importante porto fluvial. Data deste período, em fase inicial (anterior ao século X), a primitiva fortificação, que, em linhas gerais, apresentava planta poligonal, dela subsistindo expressivos troços de muralhas, uma torre com planta circular e a cisterna. Posteriormente, em fase tardia, nos séculos XII e XIII, foram levantadas no interior recinto diversas estruturas habitacionais e dois silos. Nesta fase, o castelo teria integrado o sistema defensivo Almóada da região de Silves, que então se estendia desde os atuais concelhos da Lagoa e de Albufeira até Aljezur e ao sul do litoral alentejano.
O castelo medieval
À época da Reconquista cristã, com a conquista da região do Algarve (1246), a povoação e o seu castelo passaram, segundo alguns autores para os domínios do rei D. Sancho II de Portugal (1223-1248) a 24 de Junho de 1242 ou de 1246. Outros pretendem que o sucesso ocorreu entre 1243 e 1244 por ação do Mestre da Ordem de Santiago, D. Paio Peres Correia. Outros ainda que no de D. Afonso III (1248-1279), por iniciativa do mesmo Mestre, na madrugada de 24 de Junho de 1249, dia de São João, mantendo-se como padroeira da vila, Nossa Senhora d´Alva. A Crónica da Conquista do Algarve refere, ainda, que Aljezur foi a última praça do Algarve a ser conquistada, neste ano de 1249. Em qualquer das hipóteses, devem-lhe ter sido promovidas reformas pelos novos ocupantes.
À época do rei D. Dinis (1279-1325), recebeu Carta de Foral (1280), acreditando-se que este monarca tenha-lhe promovido obras de conservação e reforço.
Embora carecendo de pesquisas mais aprofundadas sobre a evolução arquitectónica do monumento durante a Baixa Idade Média, perdida a sua função militar e estratégica, foi abandonado, apresentado ruína em meados do século XV, em 1448. A informação da Visitação da Ordem de Santiago a Aljezur (1482), confirma o abandono do castelo, que apresentava ruína no setor oeste das muralhas, as portas parcialmente quebradas e sem a respectiva fechadura, e a cisterna entulhada.
À época do reinado de D. Manuel I (1495-1521), a Ordem de Santiago intentou reconstruí-lo, iniciando-lhe reparos nas muralhas, o que foi reiterado pelo novo ordenamento do reino, expedido por aquele soberano.
Do terramoto de 1755 aos nossos dias
A vila e os remanescentes da estrutura arruinada foram bastante danificados pelo terramoto de 1755, principalmente as habitações no interior do recinto. Os relatos coevos, até ao século XIX são acordes em referir a degradação do monumento.
No século XX, no contexto das comemorações pelo Centenário de morte do Infante D. Henrique foram promovidas intervenções de restauro em diversas fortificações algarvias, entre as quais a de Sagres, a de Lagos e esta, de Aljezur. Classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 29 de Setembro de 1977, os trabalhos realizados contaram de consolidação e ligeira reparação das muralhas, alteadas e recriadas em alguns trechos, sem que tenha havido descaracterização do monumento.
Nos últimos anos, diversos programas de beneficiação foram elaborados, inclusive pela Câmara Municipal de Aljezur, aguardando-se a sua inclusão no Projeto das Rotas Árabes, do Ministério da Cultura, em colaboração com o Campo Arqueológico de Mértola.
Características
O castelo apresenta planta poligonal orgânica, sendo os seus muros rasgados, a Leste, pelo portão de entrada, defendido por um torreão de planta circular. Pelo lado do Oeste, foi edificada uma torre de planta retangular. Na praça de armas encontra-se uma cisterna (algibe), de planta retangular, coberta por abóbada.
Os silos postos a descoberto pela pesquisa arqueológica, foram escavados na rocha. Correspondentes ao período de ocupação cristã, ao longo e encostados às muralhas, foram identificados vestígios de compartimentos de planta rectangular e trapezoidal, que teriam constituído um provável aquartelamento de tropas.
A lenda de Mareares
Uma tradição local inscreve no terreno da lenda o episódio da conquista do castelo pelos cristãos:
Consciente da posição privilegiada do castelo e da cerrada vigilância mantida pelos mouros, D. Paio Peres Correia, despachou alguns batedores portugueses a sondar o terreno e os hábitos das gentes da povoação, a fim de delinear o seu plano de assalto. Em campo, estes conseguiram aliciar uma moura de rara beleza, Maria Aires, que lhes informou a prática de um antigo costume dos habitantes da região, de se banharem na praia da Amoreira na madrugada do dia 24 de Junho.
De posse desse dado, o D. Paio dispôs os seus homens de modo a que, na noite de 23 para 24 daquele mês, se ocultassem no vale vizinho ao castelo, hoje conhecido como vale de D. Sancho, certamente em homenagem ao soberano à época, Sancho II de Portugal. Camuflados com a vegetação, aguardaram o movimento dos mouros rumo à praia, na madrugada. Tão logo este se iniciou, os cristãos, ainda a coberto pela escuridão, encetaram a aproximação final para o assalto à povoação e castelo desguarnecidos. Neste momento, uma menina, neta de uma velha que havia ficado para trás na povoação, percebendo a movimentação incomum fora de portas, correu a avisar a avó que as moitas estavam a andar. A velha senhora explicava à neta os efeitos da brisa sobre a vegetação quando de surpresa os cristãos irromperam pelas portas, dominando a senhora que ainda intentou dar o alarme, fazendo soar um sino na torre da cisterna. Senhores do terreno, os portugueses deram então o alarme, atraindo os defensores para uma armadilha mortal, no interior do recinto.
Com a povoação conquistada para as armas de Portugal, D. Paio, afirma-se que sensibilizado pelos encantos da bela Maria Aires, poupou-lhe a vida e a honra, fazendo-lhe erguer uma casa em local próximo da povoação que ainda hoje, em sua memória, se chama Mareares.
O Castelo de Aljezur, no Algarve, localiza-se na vila e Freguesia de Aljezur, Distrito de Faro, em Portugal.
Classificado como Imóvel de Interesse Público, em 1977, tem beneficiado de trabalhos de consolidação e reparação das muralhas.
Antecedentes
A recente pesquisa arqueológica pela Unidade de Arqueologia do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, em parceria com a Câmara Municipal de Aljezur, revelou que a primitiva ocupação humana deste sítio remonta à pré-história, trazendo à luz camadas com vestígios da Idade do Bronze (c. 3.000 AP), da Idade do Ferro e do período romano (entre os séculos IV e I a.C.).
À época da Invasão muçulmana da Península Ibérica, o curso da ribeira de Aljezur era navegável e esta povoação constituía-se em importante porto fluvial. Data deste período, em fase inicial (anterior ao século X), a primitiva fortificação, que, em linhas gerais, apresentava planta poligonal, dela subsistindo expressivos troços de muralhas, uma torre com planta circular e a cisterna. Posteriormente, em fase tardia, nos séculos XII e XIII, foram levantadas no interior recinto diversas estruturas habitacionais e dois silos. Nesta fase, o castelo teria integrado o sistema defensivo Almóada da região de Silves, que então se estendia desde os atuais concelhos da Lagoa e de Albufeira até Aljezur e ao sul do litoral alentejano.
O castelo medieval
À época da Reconquista cristã, com a conquista da região do Algarve (1246), a povoação e o seu castelo passaram, segundo alguns autores para os domínios do rei D. Sancho II de Portugal (1223-1248) a 24 de Junho de 1242 ou de 1246. Outros pretendem que o sucesso ocorreu entre 1243 e 1244 por ação do Mestre da Ordem de Santiago, D. Paio Peres Correia. Outros ainda que no de D. Afonso III (1248-1279), por iniciativa do mesmo Mestre, na madrugada de 24 de Junho de 1249, dia de São João, mantendo-se como padroeira da vila, Nossa Senhora d´Alva. A Crónica da Conquista do Algarve refere, ainda, que Aljezur foi a última praça do Algarve a ser conquistada, neste ano de 1249. Em qualquer das hipóteses, devem-lhe ter sido promovidas reformas pelos novos ocupantes.
À época do rei D. Dinis (1279-1325), recebeu Carta de Foral (1280), acreditando-se que este monarca tenha-lhe promovido obras de conservação e reforço.
Embora carecendo de pesquisas mais aprofundadas sobre a evolução arquitectónica do monumento durante a Baixa Idade Média, perdida a sua função militar e estratégica, foi abandonado, apresentado ruína em meados do século XV, em 1448. A informação da Visitação da Ordem de Santiago a Aljezur (1482), confirma o abandono do castelo, que apresentava ruína no setor oeste das muralhas, as portas parcialmente quebradas e sem a respectiva fechadura, e a cisterna entulhada.
À época do reinado de D. Manuel I (1495-1521), a Ordem de Santiago intentou reconstruí-lo, iniciando-lhe reparos nas muralhas, o que foi reiterado pelo novo ordenamento do reino, expedido por aquele soberano.
Do terramoto de 1755 aos nossos dias
A vila e os remanescentes da estrutura arruinada foram bastante danificados pelo terramoto de 1755, principalmente as habitações no interior do recinto. Os relatos coevos, até ao século XIX são acordes em referir a degradação do monumento.
No século XX, no contexto das comemorações pelo Centenário de morte do Infante D. Henrique foram promovidas intervenções de restauro em diversas fortificações algarvias, entre as quais a de Sagres, a de Lagos e esta, de Aljezur. Classificado como Imóvel de Interesse Público por Decreto publicado em 29 de Setembro de 1977, os trabalhos realizados contaram de consolidação e ligeira reparação das muralhas, alteadas e recriadas em alguns trechos, sem que tenha havido descaracterização do monumento.
Nos últimos anos, diversos programas de beneficiação foram elaborados, inclusive pela Câmara Municipal de Aljezur, aguardando-se a sua inclusão no Projeto das Rotas Árabes, do Ministério da Cultura, em colaboração com o Campo Arqueológico de Mértola.
Características
O castelo apresenta planta poligonal orgânica, sendo os seus muros rasgados, a Leste, pelo portão de entrada, defendido por um torreão de planta circular. Pelo lado do Oeste, foi edificada uma torre de planta retangular. Na praça de armas encontra-se uma cisterna (algibe), de planta retangular, coberta por abóbada.
Os silos postos a descoberto pela pesquisa arqueológica, foram escavados na rocha. Correspondentes ao período de ocupação cristã, ao longo e encostados às muralhas, foram identificados vestígios de compartimentos de planta rectangular e trapezoidal, que teriam constituído um provável aquartelamento de tropas.
A lenda de Mareares
Uma tradição local inscreve no terreno da lenda o episódio da conquista do castelo pelos cristãos:
Consciente da posição privilegiada do castelo e da cerrada vigilância mantida pelos mouros, D. Paio Peres Correia, despachou alguns batedores portugueses a sondar o terreno e os hábitos das gentes da povoação, a fim de delinear o seu plano de assalto. Em campo, estes conseguiram aliciar uma moura de rara beleza, Maria Aires, que lhes informou a prática de um antigo costume dos habitantes da região, de se banharem na praia da Amoreira na madrugada do dia 24 de Junho.
De posse desse dado, o D. Paio dispôs os seus homens de modo a que, na noite de 23 para 24 daquele mês, se ocultassem no vale vizinho ao castelo, hoje conhecido como vale de D. Sancho, certamente em homenagem ao soberano à época, Sancho II de Portugal. Camuflados com a vegetação, aguardaram o movimento dos mouros rumo à praia, na madrugada. Tão logo este se iniciou, os cristãos, ainda a coberto pela escuridão, encetaram a aproximação final para o assalto à povoação e castelo desguarnecidos. Neste momento, uma menina, neta de uma velha que havia ficado para trás na povoação, percebendo a movimentação incomum fora de portas, correu a avisar a avó que as moitas estavam a andar. A velha senhora explicava à neta os efeitos da brisa sobre a vegetação quando de surpresa os cristãos irromperam pelas portas, dominando a senhora que ainda intentou dar o alarme, fazendo soar um sino na torre da cisterna. Senhores do terreno, os portugueses deram então o alarme, atraindo os defensores para uma armadilha mortal, no interior do recinto.
Com a povoação conquistada para as armas de Portugal, D. Paio, afirma-se que sensibilizado pelos encantos da bela Maria Aires, poupou-lhe a vida e a honra, fazendo-lhe erguer uma casa em local próximo da povoação que ainda hoje, em sua memória, se chama Mareares.
O Castelo de Aljezur, no Algarve, localiza-se na vila e Freguesia de Aljezur, Distrito de Faro, em Portugal.
Classificado como Imóvel de Interesse Público, em 1977, tem beneficiado de trabalhos de consolidação e reparação das muralhas.
Partagé par: Antonio Martins | Pas encore de commentaires |
Vues: 7349 |
Partagez les lieux d´intérêt à visiter, les lieux que vous avez visités lors de vos vacances, ou les endroits dans votre ville que vous souhaitez promouvoir.
Coordonnées GPS
Lat : 37.31616706534132 - Lon : -8.805061335581962
N37° 18' 58.201435228752 " W8° 48' 18.220808095063"
Commentaires
Pas encore de commentaires pour
Château d'Aljezur (Aljezur)
Si Vous connaissez Château d'Aljezur (Aljezur) Laissez votre commentaire
Château d'Aljezur (Aljezur)
Si Vous connaissez Château d'Aljezur (Aljezur) Laissez votre commentaire
MERCI