evolução das fortificações de Lagos acompanhou a longa história da cidade. Embora o castelo não tenha chegado até aos nossos dias e o conjunto da cerca medieval se encontre relativamente descaracterizado, Lagos é a cidade algarvia com perímetro fortificado mais extenso. Este conjunto foi reforçado ao final do século XIII, pela construção de outras fortificações que cooperavam para a defesa da cidade e sua baía, entre as quais se destacam, entre outras, o Forte da Ponta da Bandeira e o Forte da Meia Praia.
Antecedentes
Em posição estratégica, este trecho da costa foi sucessivamente ocupado, desde a pré-história, por populações ligadas à pesca, onde se formou, no alto do monte Molião, um castro. Visitada na antiguidade por navegadores Gregos, Fenícios e Cartagineses, à época da Invasão romana da Península Ibérica, a primitiva povoação, cujo nome foi latinizado para Locus Briga ou Lacobriga, foi transferida para o local onde hoje se ergue a atual freguesia de Santa Maria (c. século I a.C.). A nova povoação recebeu, para a sua defesa, uma muralha de planta quadrangular. Ocupada por Visigodos e por Muçulmanos, estes, a partir do século VIII, denominaram-na Zawiya e refizeram-lhe a cerca.
No contexto de disputas internas, Abd al-Rahmman III, califa de Córdoba, conquistou a povoação (929), dotando-a de duas ordens de muros, reforçados por torres. A dimensão destas obras traduz a importância econômica e estratégica de que a povoação gozava, no acesso à Silves muçulmana.
O castelo medieval
À época da Reconquista cristã da península, foi inicialmente conquistada pelas forças de D. Sancho I (1185-1211) em 1189. Retomada em 1191 pelas forças almóadas sob o comando do califa Abu Yusuf Ya´qub al-Mansur, a sua posse definitiva só se efetivaria, entretanto, a partir de 1241, com a sua reconquista por D. Paio Peres Correia.
Do mesmo modo de que não dispomos de informações seguras acerca da evolução arquitectônica das defesas sob o domínio muçulmano, o mesmo ocorre para os primeiros séculos do domínio cristão. Sabe-se que uma campanha de obras iniciou-se sob o reinado de D. Afonso III (1248-1279), prosseguindo pelo tempo de D. Dinis (1279-1325) e de D. Afonso IV (1325-1357).
A partir de 1361, a vila de Lagos foi separada da jurisdição de Silves, alcançando a independência administrativa. D. Fernando (1367-1383), também teria promovido obras de modernização, relacionadas, acredita-se, com a crise vivida no continente com a Guerra dos Cem Anos.
No contexto dos descobrimentos portugueses, Lagos desempenhou um importante papel. Vizinha a Sagres, constitui-se em uma das bases de apoio para a conquista do Norte de África e para as operações do Infante D. Henrique (1394-1460), quando da primeira fase dos Descobrimentos. Daqui partiram:
1415 - a expedição portuguesa para a conquista de Ceuta, no Norte d’África;
1419 – as embarcações para a descoberta da Ilha da Madeira;
1427 – as embarcações para a descoberta do Arquipélago dos Açores;
1434 – a embarcação de Gil Eanes que dobrou o cabo Bojador, na costa ocidental africana;
1458 e 1472 – as expedições de D. Afonso V (1438-1481) para a conquista de Alcácer-Ceguer, Arzila e Tânger no Norte d’África.
Em que pese esta importância estratégica, nas Cortes de 1475 registraram-se reclamações acerca do precário estado de conservação em que se encontravam as fortificações algarvias, entre as quais esta, de Lagos.
Dos baluartes manuelinos à Dinastia Filipina
Ao se iniciar o reinado de D. João II (1481-1495), a Casa da Guiné foi transferida de Lagos para novas dependências, em Lisboa (1481-1482). Este soberano e seu sucessor também teriam procedido a trabalhos de conservação nas defesas de Lagos, que fizeram dotar com um aqueduto para o abastecimento de água (1490-1521). D. Manuel I (1495-1521) outorgou-lhe a segunda Carta de Foral (1504), reformada uma década mais tarde, fazendo iniciar o edifício do Paço dos Governadores. No reinado deste soberano grande parte da antiga cerca medieval foi reconstruída, assim como uma segunda linha, a partir de 1520, mais dilatada para abranger as novas casas. Além desta segunda cerca, concluída apenas no reinado de D. João III (1521-57), foram erguidos quatro modernos baluartes defendendo a parte da vila voltada para o mar e para a ria (Baluarte da Porta Nova, Baluarte da Porta de Portugal, Baluarte da Barroca e Baluarte do Trem do Quartel). Deles só nos resta atualmente o da Porta da Vila, no setor sudoeste da cerca.
D. João III tendo dado continuidade às obras de seu pai, alterou-lhe o projeto para reforçar o perímetro nos lados leste e sul, onde foram erguidos mais dez baluartes, onde passavam a se computar, no total:
para a ria, de oeste para leste: o Baluarte de São Gonçalo (antiga Torre da Ribeira), o Castelo, os Baluarte da Praça, da Barroca, da Porta Nova e de Portugal;
para terra: os Baluarte da Porta do Postigo, do Jogo da Bola, do Paiol, da Porta dos Quartos, das Freiras, da Gafaria, do Coronheiro e da Porta da Vila.
Além dessas obras, para além das duas comunicações para o exterior até então existentes (Porta do Mar e Porta da Vila), abriram-se mais seis:
para a ria: a Porta do Cais, Porta de São Roque e Porta Nova;
para terra, a Porta de Portugal, Porta do Postigo e Porta dos Quartos.
No âmbito do projeto expansionista de D. Sebastião (1568-1578), Lagos foi elevada a cidade (1573), torna-se a capital do Reino do Algarve e a residência dos Capitães Generais e Governadores. O seu sucessor, o Cardeal D. Henrique (1578-1580), confirmou-lhe o título (1579).
À época da Dinastia Filipina, a solidez das defesas de Lagos, foi demonstrada na resistência que opôs ao desembarque das forças inglesas de Francis Drake (1587), levando-o a procurar ponto mais vulnerável naquele trecho do litoral, o que finalmente encontrou no cabo de São Vicente, arrasado na ocasião. Os danos então causados pela artilharia inglesa a Lagos, bem como o receio de novos ataques aquele litoral, levaram à reconstrução e modernização de suas defesas nos anos seguintes. Entre as principais mudanças, destacam-se:
1598 – concluídas obras na segunda cerca, ora atribuída ao primeiro Governador do Algarve, Fernão Telles de Menezes, ora a seu sucessor, João Furtado de Mendonça. Observe-se, por oportuno, que Alexandre Massai, na obra Descripção do Reino do Algarve... (1621) indica apenas um pano de muralha.
1621 – modernização e reforço do trecho medieval mais fortificado, onde se erguia o Castelo ou Paço dos Governadores. Este tornou-se, neste momento, a residência do alcaide-mor, Lourenço da Silva.
Da Guerra da Restauração aos nossos dias
No momento da Restauração da independência portuguesa, foram empreendidos trabalhos de conservação nas muralhas (1642), ocasião em que foi formulada a proposta para a construção de uma fortaleza de grandes dimensões, de planta pentagonal com cinco baluartes nos vértices, sobre a falésia ao sul da cidade (1643).
Posteriormente, a cidade e as suas defesas seriam duramente afetadas pelo maremoto que assolou o litoral algarvio em conseqüência do terramoto de 1755. A destruição resultante foi de tal ordem que os governos civil e militar se transferem para Tavira, menos afetada. No final do século, o centro da cidade foi transferido da antiga Praça de Armas (atual Praça Infante D. Henrique) para a Praça do Cano (atual Praça Gil Eanes) (1798).
Na segunda metade do século XIX a cidade conheceu um surto de expansão, a partir da instalação de indústrias de conservas de pescado. Nessa fase, são alargadas a Porta de Portugal e a Porta dos Quartos bem como erguido um chafariz no Baluarte da Porta Nova (1863) e, posteriormente alargadas, a Porta do Postigo, a Porta do Cais e a Porta Nova (1888).
O conjunto de muralhas e baluartes está classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 20 de Junho de 1924.
A partir da segunda metade da década de 1950, o poder público, através da DGEMN, tendo em vista as comemorações dos Centenários, procedeu uma ampla intervenção no património edificado de Lagos, demolindo edificações adossadas aos antigos muros e baluartes, reconstruindo o Paço dos Governadores, reedificando troços de muralhas e abrindo a Avenida das Descobertas, em aterro que aumentou a proteção entre a cidade e o mar.
Recentemente (2001), o Baluarte da Porta da Vila, foi requalificado como observatório astronómico.
Características
O conjunto das defesas da cidade apresenta planta incompleta no formato de um pentágono irregular, marcado por nove baluartes de planta quadrada e/ou pentagonal e cinco vias de acesso. Diferentemente de outros conjuntos, não se localiza em posição dominante no terreno, mas sim junto à ria. Nele ocorre a interseção de duas cintas de muralhas de diferentes períodos construtivos, onde restam a:
Cerca Medieval, também chamada de cerca marítima, por estar voltada para o mar, a leste. Com paredes mais espessas (c. 2 metros de largura por alturas que variam de 7,5 a 10 metros), percorrida por adarve, encimada por ameias e seteiras, desenvolve-se desde o Palácio dos Governadores (atual Hospital de Lagos) até à Porta de São Gonçalo (ladeada por duas torres de planta quadrada) e ao Baluarte da Torre do Trem. Este troço, segue, com interrupções, para sul, até à Porta da Vila, que se abre para o lado de terra. Neste ponto, inicia-se a
Cerca Nova, com características do estilo renascentista, que se desenvolve pelo lado de terra, para oeste, partindo do Baluarte de Santa Maria e prosseguindo para o Baluarte da Praça de Armas, o Baluarte da Conceição e o Baluarte da Alcaria. A partir deste último, o circuito inflete para norte, alcançando o Baluarte da Porta dos Quartos, o Baluarte de Santo Amaro e o Baluarte de São Francisco. Daqui, a muralha, com interrupções, volta-se para o lado do mar, na direção leste.
A cerca medieval envolvia a vila medieval que se desenvolvia em torno da Igreja de Santa Maria do Castelo. Nela se rasgavam ainda a Porta do Mar ou Porta da Ribeira, que comunicava com a praia e o mar, a Porta da Vila, que comunicava com o lado de terra, e supõe-se que talvez uma poterna.
A cerca nova, adaptada aos tiros da artilharia, constituía-se por três baluartes de flancos retirados (de Santa Maria, da Alcaria e de São Francisco) e quatro torres ou meios baluartes (da Praça de Armas, da Conceição, da Porta dos Quartos e de Santo Amaro).
O Castelo de Lagos, no Algarve, localiza-se na cidade e Concelho de mesmo nome, Distrito de Faro, em Portugal.
O sistema defensivo de Lagos, com poucos vestígios da fortificação medieval, está classificado como Monumento Nacional.
Antecedentes
Em posição estratégica, este trecho da costa foi sucessivamente ocupado, desde a pré-história, por populações ligadas à pesca, onde se formou, no alto do monte Molião, um castro. Visitada na antiguidade por navegadores Gregos, Fenícios e Cartagineses, à época da Invasão romana da Península Ibérica, a primitiva povoação, cujo nome foi latinizado para Locus Briga ou Lacobriga, foi transferida para o local onde hoje se ergue a atual freguesia de Santa Maria (c. século I a.C.). A nova povoação recebeu, para a sua defesa, uma muralha de planta quadrangular. Ocupada por Visigodos e por Muçulmanos, estes, a partir do século VIII, denominaram-na Zawiya e refizeram-lhe a cerca.
No contexto de disputas internas, Abd al-Rahmman III, califa de Córdoba, conquistou a povoação (929), dotando-a de duas ordens de muros, reforçados por torres. A dimensão destas obras traduz a importância econômica e estratégica de que a povoação gozava, no acesso à Silves muçulmana.
O castelo medieval
À época da Reconquista cristã da península, foi inicialmente conquistada pelas forças de D. Sancho I (1185-1211) em 1189. Retomada em 1191 pelas forças almóadas sob o comando do califa Abu Yusuf Ya´qub al-Mansur, a sua posse definitiva só se efetivaria, entretanto, a partir de 1241, com a sua reconquista por D. Paio Peres Correia.
Do mesmo modo de que não dispomos de informações seguras acerca da evolução arquitectônica das defesas sob o domínio muçulmano, o mesmo ocorre para os primeiros séculos do domínio cristão. Sabe-se que uma campanha de obras iniciou-se sob o reinado de D. Afonso III (1248-1279), prosseguindo pelo tempo de D. Dinis (1279-1325) e de D. Afonso IV (1325-1357).
A partir de 1361, a vila de Lagos foi separada da jurisdição de Silves, alcançando a independência administrativa. D. Fernando (1367-1383), também teria promovido obras de modernização, relacionadas, acredita-se, com a crise vivida no continente com a Guerra dos Cem Anos.
No contexto dos descobrimentos portugueses, Lagos desempenhou um importante papel. Vizinha a Sagres, constitui-se em uma das bases de apoio para a conquista do Norte de África e para as operações do Infante D. Henrique (1394-1460), quando da primeira fase dos Descobrimentos. Daqui partiram:
1415 - a expedição portuguesa para a conquista de Ceuta, no Norte d’África;
1419 – as embarcações para a descoberta da Ilha da Madeira;
1427 – as embarcações para a descoberta do Arquipélago dos Açores;
1434 – a embarcação de Gil Eanes que dobrou o cabo Bojador, na costa ocidental africana;
1458 e 1472 – as expedições de D. Afonso V (1438-1481) para a conquista de Alcácer-Ceguer, Arzila e Tânger no Norte d’África.
Em que pese esta importância estratégica, nas Cortes de 1475 registraram-se reclamações acerca do precário estado de conservação em que se encontravam as fortificações algarvias, entre as quais esta, de Lagos.
Dos baluartes manuelinos à Dinastia Filipina
Ao se iniciar o reinado de D. João II (1481-1495), a Casa da Guiné foi transferida de Lagos para novas dependências, em Lisboa (1481-1482). Este soberano e seu sucessor também teriam procedido a trabalhos de conservação nas defesas de Lagos, que fizeram dotar com um aqueduto para o abastecimento de água (1490-1521). D. Manuel I (1495-1521) outorgou-lhe a segunda Carta de Foral (1504), reformada uma década mais tarde, fazendo iniciar o edifício do Paço dos Governadores. No reinado deste soberano grande parte da antiga cerca medieval foi reconstruída, assim como uma segunda linha, a partir de 1520, mais dilatada para abranger as novas casas. Além desta segunda cerca, concluída apenas no reinado de D. João III (1521-57), foram erguidos quatro modernos baluartes defendendo a parte da vila voltada para o mar e para a ria (Baluarte da Porta Nova, Baluarte da Porta de Portugal, Baluarte da Barroca e Baluarte do Trem do Quartel). Deles só nos resta atualmente o da Porta da Vila, no setor sudoeste da cerca.
D. João III tendo dado continuidade às obras de seu pai, alterou-lhe o projeto para reforçar o perímetro nos lados leste e sul, onde foram erguidos mais dez baluartes, onde passavam a se computar, no total:
para a ria, de oeste para leste: o Baluarte de São Gonçalo (antiga Torre da Ribeira), o Castelo, os Baluarte da Praça, da Barroca, da Porta Nova e de Portugal;
para terra: os Baluarte da Porta do Postigo, do Jogo da Bola, do Paiol, da Porta dos Quartos, das Freiras, da Gafaria, do Coronheiro e da Porta da Vila.
Além dessas obras, para além das duas comunicações para o exterior até então existentes (Porta do Mar e Porta da Vila), abriram-se mais seis:
para a ria: a Porta do Cais, Porta de São Roque e Porta Nova;
para terra, a Porta de Portugal, Porta do Postigo e Porta dos Quartos.
No âmbito do projeto expansionista de D. Sebastião (1568-1578), Lagos foi elevada a cidade (1573), torna-se a capital do Reino do Algarve e a residência dos Capitães Generais e Governadores. O seu sucessor, o Cardeal D. Henrique (1578-1580), confirmou-lhe o título (1579).
À época da Dinastia Filipina, a solidez das defesas de Lagos, foi demonstrada na resistência que opôs ao desembarque das forças inglesas de Francis Drake (1587), levando-o a procurar ponto mais vulnerável naquele trecho do litoral, o que finalmente encontrou no cabo de São Vicente, arrasado na ocasião. Os danos então causados pela artilharia inglesa a Lagos, bem como o receio de novos ataques aquele litoral, levaram à reconstrução e modernização de suas defesas nos anos seguintes. Entre as principais mudanças, destacam-se:
1598 – concluídas obras na segunda cerca, ora atribuída ao primeiro Governador do Algarve, Fernão Telles de Menezes, ora a seu sucessor, João Furtado de Mendonça. Observe-se, por oportuno, que Alexandre Massai, na obra Descripção do Reino do Algarve... (1621) indica apenas um pano de muralha.
1621 – modernização e reforço do trecho medieval mais fortificado, onde se erguia o Castelo ou Paço dos Governadores. Este tornou-se, neste momento, a residência do alcaide-mor, Lourenço da Silva.
Da Guerra da Restauração aos nossos dias
No momento da Restauração da independência portuguesa, foram empreendidos trabalhos de conservação nas muralhas (1642), ocasião em que foi formulada a proposta para a construção de uma fortaleza de grandes dimensões, de planta pentagonal com cinco baluartes nos vértices, sobre a falésia ao sul da cidade (1643).
Posteriormente, a cidade e as suas defesas seriam duramente afetadas pelo maremoto que assolou o litoral algarvio em conseqüência do terramoto de 1755. A destruição resultante foi de tal ordem que os governos civil e militar se transferem para Tavira, menos afetada. No final do século, o centro da cidade foi transferido da antiga Praça de Armas (atual Praça Infante D. Henrique) para a Praça do Cano (atual Praça Gil Eanes) (1798).
Na segunda metade do século XIX a cidade conheceu um surto de expansão, a partir da instalação de indústrias de conservas de pescado. Nessa fase, são alargadas a Porta de Portugal e a Porta dos Quartos bem como erguido um chafariz no Baluarte da Porta Nova (1863) e, posteriormente alargadas, a Porta do Postigo, a Porta do Cais e a Porta Nova (1888).
O conjunto de muralhas e baluartes está classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 20 de Junho de 1924.
A partir da segunda metade da década de 1950, o poder público, através da DGEMN, tendo em vista as comemorações dos Centenários, procedeu uma ampla intervenção no património edificado de Lagos, demolindo edificações adossadas aos antigos muros e baluartes, reconstruindo o Paço dos Governadores, reedificando troços de muralhas e abrindo a Avenida das Descobertas, em aterro que aumentou a proteção entre a cidade e o mar.
Recentemente (2001), o Baluarte da Porta da Vila, foi requalificado como observatório astronómico.
Características
O conjunto das defesas da cidade apresenta planta incompleta no formato de um pentágono irregular, marcado por nove baluartes de planta quadrada e/ou pentagonal e cinco vias de acesso. Diferentemente de outros conjuntos, não se localiza em posição dominante no terreno, mas sim junto à ria. Nele ocorre a interseção de duas cintas de muralhas de diferentes períodos construtivos, onde restam a:
Cerca Medieval, também chamada de cerca marítima, por estar voltada para o mar, a leste. Com paredes mais espessas (c. 2 metros de largura por alturas que variam de 7,5 a 10 metros), percorrida por adarve, encimada por ameias e seteiras, desenvolve-se desde o Palácio dos Governadores (atual Hospital de Lagos) até à Porta de São Gonçalo (ladeada por duas torres de planta quadrada) e ao Baluarte da Torre do Trem. Este troço, segue, com interrupções, para sul, até à Porta da Vila, que se abre para o lado de terra. Neste ponto, inicia-se a
Cerca Nova, com características do estilo renascentista, que se desenvolve pelo lado de terra, para oeste, partindo do Baluarte de Santa Maria e prosseguindo para o Baluarte da Praça de Armas, o Baluarte da Conceição e o Baluarte da Alcaria. A partir deste último, o circuito inflete para norte, alcançando o Baluarte da Porta dos Quartos, o Baluarte de Santo Amaro e o Baluarte de São Francisco. Daqui, a muralha, com interrupções, volta-se para o lado do mar, na direção leste.
A cerca medieval envolvia a vila medieval que se desenvolvia em torno da Igreja de Santa Maria do Castelo. Nela se rasgavam ainda a Porta do Mar ou Porta da Ribeira, que comunicava com a praia e o mar, a Porta da Vila, que comunicava com o lado de terra, e supõe-se que talvez uma poterna.
A cerca nova, adaptada aos tiros da artilharia, constituía-se por três baluartes de flancos retirados (de Santa Maria, da Alcaria e de São Francisco) e quatro torres ou meios baluartes (da Praça de Armas, da Conceição, da Porta dos Quartos e de Santo Amaro).
O Castelo de Lagos, no Algarve, localiza-se na cidade e Concelho de mesmo nome, Distrito de Faro, em Portugal.
O sistema defensivo de Lagos, com poucos vestígios da fortificação medieval, está classificado como Monumento Nacional.
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